Dani me veio com uma teoria hoje que não é exatamente nova. Ela já me dissera isso antes. De acordo com ela, a felicidade lhe trava as criações literárias e ela não consegue escrever nada.
Ela diz que precisa de conflito, de sofrimento, de tristeza ou qualquer outra situação ou sentimento “negativos” e que é isso que lhe faz aflorar a vontade de escrever. Claro que estou falando de escritos artísticos: poesias, textos com sensibilidade, seus microcontos. Textos comuns ela continua desenvolvendo normalmente mas os assuntos mais intensos ficam bloqueados. Então, só me resta introduzir um pouco de miséria nessa vidinha perfeita que ela, repetidas vezes, alega ter hoje em dia. Bem, vejamos… Como posso ajudá-la?
Eu poderia fazer mais bagunça no nosso apê. Isso certamente nos levaria a um conflito, e dos bons! Quem a conhece, mesmo via blogs, sabe que ela tem TOC, ainda que em grau moderado. Nada que transforme sua vida (e a minha) num inferno, mas ainda assim, TOC. Ou seja, ela gosta de coisas organizadas, classificadas, ordenadas, simétricas e perfeitas. Exatamente aquilo que não vemos normalmente numa casa onde existe um homem. Bem, pelo menos se o homem em questão for eu. Sou bagunceiro, pouco prático, preguiçoso e não tenho nenhuma paciência para organizar as minhas coisas. Portanto, por onde eu passo, fica o rastro do furacão Marcelo. Ok, ok, eu até tento me policiar um pouco para evitar que ela se incomode tanto mas ser perfeitamente ordeiro está além da minha capacidade e, confesso, da minha vontade. Mas de repente percebo que isso não ia resolver o problema de seu travamento criativo. E, claro, me lembrei que neste exato momento ela está em plena TPM. Assim, não sei bem o que houve mas me deu uma vontade estranha de não enveredar por esse caminho…
Se for tentar ajudá-la usando de tristeza, não sei o que poderia fazer. Nossa vidinha é mesmo tranquila e deliciosa. Isso não quer dizer que concordemos em tudo. Ao contrário, temos pontos divergentes mas nada que nos afete. São apenas opiniões diferentes sobre as coisas e que acabam virando assunto para uma boa conversa. Logo. fazer com que ela fique triste não faz parte do meu arsenal de técnicas ninja.
Sofrimento, então, nem pensar. Isso eu realmente não sei e não vou fazer. Não foi por isso que resolvi entrar na vida dela sem aviso. Foi justamente porque não tinha mais como disfarçar meu amor por ela que mudei minha vida radicalmente há quase dois anos. Portanto, acho que desta vez não tenho como ajudar minha amada mulher. Vamos ter que ir tocando a nossa “vidinha marromenos” e esperar que ela recupere sua verve criativa ou, melhor, aprenda a escrever sobre felicidade, pois pretendo que essa seja a principal sensação na vida dela e na minha ao longo de nossa vida conjunta.
Em tempo: ela escreveu um pequenino texto hoje, pouco antes de eu escrever esse tópico. Ela não ficou muito satisfeita porque está acostumada a escritos mais intensos. Mas eu gostei.