No verão de 2009, li o badalado "Comer, Rezar, Amar", de Elizabeth Gilbert (que, na época, não era tão badalado assim). Para mim, a leitura se deu em momento oportuno, pois o livro conta a história (autobiográfica) de uma mulher que, após o divórcio, parte em busca de autoconhecimento e crescimento, através de uma viagem por três países: Itália (comer), Índia (rezar) e Indonésia (amar). Ou, nas palavras da própria Liz, a busca de uma mulher por todas as coisas da vida.
Preciso dizer que amei o livro! Muitíssimo! Senti certa identificação e proximidade com a personagem, apesar de que jamais iria a um ashram para acordar às 05h da manhã e meditar ou limpar o chão como meio de enobrecer minha alma. E creio que, em um ou outro aspecto, muitas mulheres também se identificaram. Logo, gostei de saber que a história estava sendo adaptada para o cinema.
Há pouco tempo, comecei a ler "Comprometida", que é uma espécie de continuação de "Comer, Rezar, Amar". Liz, em meio a sua busca por todas as coisas da vida, encontrou o amor na Indonésia, embora não o estivesse procurando diretamente. "Comprometida" conta como essa história de amor evoluiu e, mais precisamente, evoluiu para o casamento. Não farei maiores comentários ou estragaria a leitura de quem estiver interessado no livro.
Ainda não terminei a leitura, embora esteja bem adiantada, mas confesso que houve um momento difícil em que quase desisti do livro. Explicarei o porquê. Liz conta ter ficado profundamente traumatizada em razão do seu divórcio, com cicatrizes profundas, tendo ido ao fundo do poço e sendo, portanto, totalmente incrédula e descrente quanto ao casamento. E fala disso tão exaustivamente e colocando tanta ênfase que chegou a me cansar. Ora, todos sabemos o quanto um divórcio pode ser difícil, triste e desgastante. Mas me pareceu uma posição muito exagerada. Afinal, fundo do poço, cicatrizes incuráveis, seriam palavras mais adequadas para um caso de doença grave e sem cura, algo como estar à beira da morte. Foi quando me ocorreu (ou melhor, me lembrei) que as pessoas têm mesmo uma tendência à dramatização. As pessoas reclamam disso e daquilo, mas, invariavelmente, não param para pensar que existem problemas maiores e mais graves. Quando escuto essas lamentações, geralmente tento mostrar para a pessoa que, pelo menos, ela tem educação, saúde, casa, trabalho, quando muitos não têm nem isso. E não é uma questão de menosprezar o problema alheio e sim de mostrar que o universo não gira apenas ao nosso redor.
Bom, mas esse post não era sobre isso... Foco, Dannes, foco. Retomando: vencida essa tensão entre autor e leitor (após ter deixado o livro descansar por alguns dias, claro), retomei a leitura e estou gostando. Volta e meia, quando Liz tende ao exagero, fico meio incomodada, mas acabo relevando, afinal cada ser humano tem suas opiniões e vivências. Não sei se o que me faz discordar da autora é o fato de ter uma alma incorrigível de Pollyanna (sim, a personagem de Eleanor H. Porter) ou de ter um divórcio a mais na minha bagagem. Seja como for, sempre acreditei que a nossa felicidade depende essencialmente de nós mesmos, e, assim, um relacionamento tem que ser algo que venha agregar valor. Não se pode depender do outro para ser feliz, muito menos ter esse tipo de expectativa. Me utilizando do exagero também, é quase como se o relacionamento fosse um ornamento: se está aqui, ótimo, fico mais bela, mas se não está continuo muito bem.
Sempre acreditei, também, por mais doloroso que pudesse ser, que se não deu certo é porque não era a pessoa certa. E, assim, jamais deixei de acreditar no amor ou no casamento.
E, como acredito que tudo acontece quando é a hora, o meu amor chegou. E o amor sempre chega, especialmente quando você não está procurando. E, hoje, quando olho para trás, sem diminuir a importância dos homens que passaram pela minha história, tenho certeza absoluta de que o meu amor verdadeiro está bem aqui, ao meu lado. E essa sensação, esse sentimento, essa certeza é das coisas mais valiosas da vida. Talvez se tivéssemos nos encontrado em outro momento, não tivesse funcionado, pois não estaríamos prontos um para o outro. Nossas vidas e histórias se cruzaram no momento certo e, hoje, temos a nossa história. Me sinto absolutamente à vontade na presença desse homem que tanto amo, sou eu mesma para ele, nua e crua, com todas as minhas qualidades e defeitos. E o amo com todas suas qualidades e defeitos. E é por isso que, apesar de na prática já sermos casados, vamos oficializar a união em breve e viemos planejando com muito amor esse momento já há algum tempo.
Para que não vire um livro (já pensou que concorrência, Liz?! rsrsrs), vamos finalizando. Fiquei um pouco chateada quando vi críticas negativas à adaptação cinematográfica de "Comer, Rezar, Amar". Mas, como não dou muita bola para críticas (afinal, o que importa é se eu vou gostar ou não), convidei o Celo para irmos ao cinema. Resultado: ambos gostamos muito do filme!
Claro que é natural, especialmente nos dias de hoje, um certo receio ao se encarar um casamento, principalmente se não se é irresponsável ou inconseqüente. É da natureza humana. Mas não somos mais crianças há muito tempo. E, além da nossa experiência adquirida ao longo dos anos, nossa convivência diária nos mostra que nosso amor tem sólidos pilares (o que me lembra o sábio Khalil Gibran). E o mais gostoso desse retorno do cinema para casa foi que, enquanto comentávamos o filme, ambos concluímos, sinceramente e de comum acordo, que não vemos um divórcio no nosso futuro.
Portanto, o Casal Sensacional recomenda: assista "Comer, Rezar, Amar", e, nunca, jamais, deixe de acreditar no amor e no casamento (tenham eles a forma que tiverem, o importante é que lhe façam feliz)!
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