domingo, 2 de outubro de 2011

Wild life: the kitchen

De todas as peças de uma casa, o território mais estranho a um homem é a cozinha. É bem verdade que às vezes alguns exemplares do nosso gênero se metem a cozinheiros e se saem muito bem. E alguns excepcionalmente bem. Mas nas CNTP, a cozinha é território não cartografado num cérebro masculino, com exceção da geladeira, que está na cozinha por engano pois todo mundo que tenha dois neurônios sabe que o lugar dela é na sala, perto da TV e do computador.

De qualquer forma, como Dani já disse aqui, tivemos um fim de semana movimentado na nossa cozinha. Ela encasquetou que ia fazer os pratos apresentados num dos programas do Jamie Oliver porque são gostosos (dá pra ver pelas imagens na TV) e simples (ele faz tudo em 30 minutos – reais!, viu Ana Maria Braga?).

Até aí, nada de mais, até a hora de comprar os ingredientes que faltavam: a desconhecida (para mim) endívia e a misteriosa acelga. Foi preciso rodar uns 90 minutos de carro atrás dos lugares onde dona Dani pensava que poderíamos encontrar esses ingredientes malditos mas de nada adiantou. No fim das contas, tentamos no Zaffari, que é nosso vizinho, e lá encontramos pelo menos a endívia. Da acelga, nem sinal. Mas a dita cuja não fez falta. Trocamos por uma belíssima couve e tudo deu certo.

Os pratos ficaram realmente deliciosos mas Dani aprendeu uma lição (espero!): na TV tudo dá certo. Ok, ok, Mr. Jamie Oliver de fato prepara seus pratos em mirrados 30 minutos mas (1) ele vive de cozinhar há anos e é especialista em pratos rápidos, (2) a cozinha dele parece mais um salão de baile, de modo que não falta espaço pra ele ir espalhando as coisas e preparando tudo enquanto que nós temos que sincronizar nossa inspiração e expiração para podermos entrar ao mesmo tempo no nosso cubículo, e (3) ele não precisa lavar a louça depois de terminar o programa. Mas a verdade é que valeu a pena, embora a Teoria da Relatividade tenha atuado novamente: enquanto para ele se passam 30 minutos, para nós foi algo como uns 90 minutos ou mais. Deve ser por causa da velocidade dele, próxima à da luz, o que causa a dilatação do tempo, etc. Einstein explica.

Mas a aventura não terminou aí. Ou, melhor dizendo, a dela terminou mas não a minha. Por conta de um exame médico que farei na segunda-feira, eu estou seguindo uma dieta bem específica. Meu cardápio de hoje inclui água, café, chá, chimarrão, refrigerante, Miojo e mais uns 3 ou 4 itens e isso não é modo de dizer.

Para quem não me conhece, eu sou um desastre na cozinha. Mesmo se levando em consideração o que escrevi no início deste tópico, meu caso é muito grave. Meu primeiro ovo frito explodiu e eu não tive coragem de tentar uma segunda vez. E falando em ovo, um dos itens que eu poderia comer hoje é um prosaico ovo cozido. Bem, prosaico para você. Ok, eu não sou um débil mental. É claro que eu sei fazer um ovo cozido! Quem não sabe?

Comecei cozinhando dois ovos. Tudo certo: água suficiente para que ficassem totalmente submersos; depois que a água ferveu eu esperei por uns 10 minutos e voilà! Tudo pronto. Mas na hora de descascar os malditos ovos, eles estavam meio moles. Tanto que as claras se rasgavam na minha mão enquanto eu tentava tirar as cascas. Depois foi a gema, ainda mole, que escorreu. Num acesso de raiva, joguei tudo fora. Vamos de novo…

Pensei cá com meus botões: “devo ter feito algo errado. Já sei! Agora vai dar certo! Vou colocar os ovos somente quando a água já estiver fervendo.” Dito e feito. Quando estava tudo borbulhando, coloquei dois ovos. E aí descobri que você não pode colocar ovos em água fervente porque a casca se rompe. Shit. De volta ao projeto.

Mas que diabos! É um ovo cozido ridículo! Como é possível que não dê certo?! Resolvi tentar mais uma vez. Mas o fato é que já eram 6 ovos e eu ainda não tinha comido nenhum! Um vexame. Desta vez resolvi pedir ajuda aos universitários. Confirmei com Dani que o procedimento da primeira tentativa estava correto. Fiz exatamente o que descrevi mas sei lá o que houve para dar errado. Só sei que usei exatemente o mesmo procedimento na terceira tentativa e desta vez tudo funcionou. Meu primeiro ovo cozido! Bem, na verdade, quinto e sexto mas não importa. Eu venci! Claro que houve um certo desperdício de material e consumi um pouco mais de gás do que seria esperado mas não podem esperar perfeição na primeira tentativa, não é mesmo? Coisas aparentemente simples podem ser bem complexas, às vezes.

Já me sinto mais confiante quando entro na cozinha. Sou um novo homem agora. Me sinto forte e poderoso! E nem vou falar da vez em que tentei fazer arroz na panela de pão. Essa fica pra outro dia.

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