Dando início ao Sensacional Diário de Bordo para compartilhar as primeiras aventuras da viagem. Vamos lá!
Malas prontas, Sandecido (nosso sensacional móvel) abastecido e carregado, antes de sair de casa, lembrei o Celo de pegar a carteira de identidade - documento válido para ingressar no Uruguai. Celo respondeu que estava com ela e que Dannes não se preocupasse. Mesmo assim, como Dannes é teimosa, pediu para ver a carteira. Foi aí que gelei. A carteira de identidade dele estava em precário estado de conservação, além de ter sido emitida em 1981... Respirei fundo e disse: "bem, meu amor, espero que a gente consiga entrar no país, pois na Argentina tenho certeza de que não entraríamos". E lá fomos nós!
Saímos com atraso de Porto Alegre e acabamos chegando tarde no Chuí, cidade gaúcha que faz fronteira com a uruguaia Chuy. Para mim, é como a Faixa de Gaza. Só vendo para entender. Mas é possível resumir da seguinte forma: essa fronteira em nada se parece com a fronteira de Santana do Livramento (cidade onde minha avó materna nasceu e onde tenho familiares até hoje - e que costumo visitar frequentemente) e sua vizinha uruguaia Rivera (onde também tenho familiares). Paramos para um lanche e para fazer câmbio antes de seguir para a Imigração. E, claro, comprinhas rápidas no free shop, onde a vendedora me felicitou pelo nenê que esperava. Realmente, eu engordei e já passei diversas vezes por essa situação. Ainda mais porque costumo usar roupas larguinhas para disfarçar os quilinhos a mais. Antigamente, eu respondia: não, não estou grávida, só estou gorda - o que causava imenso desconforto e constrangimento a quem fez o comentário achando que ia agradar porque eu deveria estar muito feliz por aguardar a chegada de um rebento. Então, mudei a tática e apenas sorrio e agradeço.
Cerca de 500 km distantes de Porto Alegre, meus temores se confirmaram (eu só não acerto na loteria... deve ser porque não jogo). O funcionário da Imigração disse que a carteira de identidade do Celo não seria aceita por ser muito antiga (percebam que o documento tem quase trinta anos) e por estar muito mal conservada (mas principalmente por ser muito antiga, frisou, porque a validade é de no máximo dez anos). Celo tentou argumentar mostrando a carteira de habilitação. Mas a carteira de habilitação não tem validade no Uruguai. E o passaporte, o senhor não tem? - perguntou o funcionário. Não, Celo está com o passaporte vencido e, por isso, não o trouxe. Cara feia do uruguaio para essa resposta.
Caras tristes minhas... O que faremos? Argumentações: estamos com a Carta Verde (autorização para o carro circular no país), com reserva no Ibis em Montevideo... Mais biquinhos de minha parte...
Depois de nos questionar todas as nossas intenções de viagem e nosso roteiro, sensibilizado o funcionário nos entregou a papelada para preencher e disse: vão preenchendo e depois conversamos. Pensei: ele vai nos liberar, mas é preciso um certo suspense.
Papéis preenchidos, documentos entregues, registros no computador e ele aponta para o Celo e diz: venga! E o leva para uma sala longe dos meus olhos e ouvidos. Me senti como Liz Gilbert no livro Comprometida que li recentemente - quando barram Felipe na imigração dos Estados Unidos e o prendem enquanto ela fica atônita por horas sem saber o que está acontecendo. Felizmente, meu calvário foi por míseros cinco minutos e foi resolvido com uma gorjeta para o churrasco da Imigração. Assim, tínhamos autorização para ingressar no Uruguai e dar continuidade às merecidas e sonhadas férias. Ainda bem porque eu não conseguiria imaginar ter que passar a noite na Faixa de Gaza.
O funcionário foi bastante simpático (diga-se de passagem, apesar de todo o enrosco, ele foi bem educado o tempo todo - e nós também, o que ajudou bastante) e alertou que de jeito nenhum nos aventurássemos a ir a Buenos Aires de ferry boat, pois ficaríamos retidos lá com toda certeza. E, com um sorriso, me olhou e disse: niño ou niña? Ao que eu, com outro sorriso, me limitei a dizer: mui temprano para saber. Maldito vestido, não o uso mais - pensei. Promessa que evidentemente não vou cumprir porque o vestido é muito confortável. No entanto, acho que o fato de ele ter pensado que estávamos esperando um filho deve ter ajudado, pois ele não poderia atrapalhar as férias de um jovem e belo casal apaixonado esperando o primeiro filho, né?
Depois do susto, seguimos viagem às gargalhadas. E eu ainda complementei com a seguinte tirada: "Amor, por favor, sem sustos daqui para a frente ou eu perco o bebê." hahahahahaha
P.S.: Como já chegamos tarde e essa confusão toda nos atrasou ainda mais, tivemos que modificar um pouco os planos e alguns passeios previstos terão que ficar para o trajeto de retorno ao Brasil (Forte San Miguel e Fortaleza Santa Teresa). Assim, fomos direto a Punta del Diablo, onde passamos a noite. Hoje, pretendíamos visitar Cabo Polonio, mas novamente tivemos que alterar o roteiro, pois Celo está gripado e não estava em condições de fazer esse passeio. Então, rumamos a La Pedreda e La Paloma, onde estamos descansando para seguir viagem amanhã rumo a Punta del Este e Punta Ballena.
P.S.1: Desenvolvi uma teoria acerca da minha suposta gravidez. Não tenho constituição de uma mulher gorda porque não tenho nem braços e nem pernas roliços. Quando engordo, como é o caso agora, a concentração dos quilos extras ocorrem na barriga. Isso somado às roupas mais larguinhas para disfarçar (vestidinhos e batinhas fluídos - e provavelmente a minha natural cara de mãe) deve passar a imagem de uma gravidinha feliz. Tudo bem, não me importo, não fico chateada. Muito pelo contrário. Logo, logo, vai ser verdade mesmo! ;-)
Eu não acredito! Depois ficaram me gozando porque fui para Sto Tome sem identidade!Aqui se faz, aqui se paga!Espero que meu genrinho melhore da gripe logo. Se cuidem bem. Se divirtam! Amo voces! mil beijos da mãe e sogra
ResponderExcluirParabéns Dani...não sabia que estavas gravida!!!
ResponderExcluirUma execelnte viagem para vocês !
sds
cai aqui no seu blog procurando diquinhas de punta del este... e adorei seu modo de escrever!! vc é bem engraçada... parabéns pelo blog!
ResponderExcluirObrigada, Monalisa! Seja sempre muito bem-vinda!
ResponderExcluirUm beijo!