domingo, 5 de setembro de 2010

Nunca é tarde para aprender

Neste mês estaremos comemorando um ano de vida a dois. E para quem ainda não percebeu, estamos muito felizes no nosso casamento. Apesar de só poder falar por mim, sei que Dani sente o mesmo: que encontramos a nossa cara metade.

Neste quase ano juntos, aprendi muitas coisas. A primeira e mais importante, eu aprendi antes até de nos unirmos. Aprendi que não precisamos nos resignar. Como já ficou claro aqui nos textos anteriores, eu já fui casado e acrescento que o fui por quase 14 anos. Não era uma vida infeliz mas era incompleta. Ao longo dos anos foi se tornando um convívio apenas, não uma relação a dois e muito menos aquilo que considero um casamento. Tanto eu quanto minha ex-mulher fomos responsáveis por isso, como sempre acontece. A derrocada de uma relação nunca tem um único culpado. É uma sequência de eventos e erros que vão se acumulando e cujo maior erro é varrê-los para baixo do tapete. Coisas mal resolvidas vão sufocando o amor. No meu caso restaram o respeito, o carinho, a admiração também mas o amor foi se esvaindo ao longo dos anos.

E então o acaso (?) colocou Daniela na minha vida. Despreocupadamente, como colegas de serviço e depois como bons amigos e um pouco mais tarde, grandes amigos. Nesse momento eu já sentia aquela comichão interna que nós sabemos identificar quando já é tarde demais: estava gostando dela. Gostava de nossas conversas cada vez mais frequentes e mais carinhosas. Mas não estávamos buscando conquistar um ao outro. Ela tinha o seu relacionamento na época, que eu sabia ser bastante conturbado porque era assunto de nossas conversas, e eu que ainda não imaginava me separar um dia. Era simplesmente aquele sentimento gostoso que nos faz tão bem mas que eu tratava como uma paixonite boba e que um dia iria acabar.

Eu sabia também que a Dani tinha como política não se envolver com homens casados, então me sentia satisfeito por alimentar esse sentimento apenas como uma forma de me sentir bem E eu realmente me sentia muito bem! Era muito gostoso conversar com ela, era instigante, caloroso. Mas era descompromissado. Eu não estava tentando conquistá-la e ela via em mim apenas um grande amigo. Obviamente que eu sou a pessoa mais suspeita para falar isso mas eu disse a ela mais de uma vez que não conseguia entender como uma mulher tão maravilhosa estava sozinha. Digo isso porque o namoro dela era muito complicado e ela mesma sabia que não tinha o menor futuro, de forma que eu a considerava solteira.

Entendam que ela tem características cativantes e que se eu listar aqui umas 10 delas ainda mal estaria arranhando a superfície. Por outro lado, justamente por causa disso, ela nunca teve dificuldade em angariar vários fãs, o que aumentava ainda mais meu não entendimento por estar sozinha. De minha parte, via que se tratava de uma mulher única e tudo que desejava é que conseguisse ser feliz e que encontrasse o homem da sua vida e que eu sabia não ser eu. Mas o mundo dá tantas voltas e nos ensina coisas pequenas todos os dias. Nossas conversas eram sempre reveladoras do que gostávamos, do que não gostávamos, dos problemas que ela tinha na sua via amorosa, dos problemas que eu tinha e também do que ainda gostávamos, cada um de nós, em nossos parceiros.

Com tanta intimidade, fui conhecendo-a cada vez melhor e isso só serviu para alimentar meu amor por ela e a vontade de vê-la feliz porque via claramente que ela era merecedora de um destino melhor do que tinha naquele momento. Não compreendia (e ainda não compreendo) como os seus admiradores e eventuais namorados não percebiam a preciosidade que tinham nas mãos. E isso não quer dizer que ela seja perfeita. Tem defeitos como todo mundo, como eu tenho os meus. Hoje sei que ela era perfeita para mim e somente para mim.

Para encurtar a história, simplesmente meu sentimento por ela não diminuía, como eu imaginava que aconteceria mais cedo ou mais tarde. E ela acabou percebendo um pouco depois o mesmo que eu percebera antes: que estava apaixonada. Quando tivemos a conversa em que finalmente nos revelamos um ao outro (quem sabe um dia vocês vejam uma versão dessa história aqui?) foi um choque. Nesses momentos, um turbilhão de sentimentos nos invade. Ao mesmo tempo em que me sentia ótimo por ter deixado claro que a amava, também bateu o medo: me declarei, e agora? Para onde vamos daqui?

Havia alguns problemas numa eventual relação entre nós dois (que não serão publicados ainda) e que me causavam muita apreensão. Por saber desses problemas (um deles era particularmente sensível) eu jamais quis que ela se interessasse por mim mas, por outro lado, nossas conversas sempre aumentavam o interesse mútuo, sei disso. Foi nesse momento que aprendi algo novo: eu podia, sim, mudar. Podia eliminar as barreiras que nos separavam porque finalmente tinha certeza de que ela me amava também. Por respeito a ela e a tudo em que acredito, nunca fomos íntimos enquanto não saí da casa em que morava. E quando o amor se revelou para nós, já nos conhecíamos tão bem que menos de uma semana se passou entre termos nos declarado mutuamente e eu sair de casa. E para choque de muitos, nossas famílias inclusive, fui morar com ela em seguida, com um pequeno atraso de alguns dias porque ela estava viajando a serviço quando saí de casa.

O que as pessoas não entendiam é que mesmo sem nunca termos nos tocado, à exceção dos beijos que trocamos quando nos declaramos, nós já nos conhecíamos incrivelmente bem. Justamente porque não estávamos preocupados em conquistarmos um ao outro, fomos muito sinceros em nossas conversas despreocupadas. Nenhum dos dois queria se mostrar mais do que era e nem menos. Não havia aquela "douração de pílula" que sempre faz parte do jogo da conquista. Éramos grandes amigos e isso foi fundamental. Até hoje somos amigos e acredito que o seremos pela vida toda. Não temos nada a esconder um do outro, não temos assuntos que não possamos discutir e nas poucas vezes em que ficamos emburrados um com o outro (o que também faz parte da vida a dois) selamos a paz deliciosamente. Hmmmmmm.

De lá para cá, sigo aprendendo tantas outras coisas que ficaria até difícil listar aqui. Estou falando também das coisas simples do dia-a-dia. A vida não é feita de grandes momentos. Estes são pouco frequentes. O que torna a vida realmente interessante são os pequenos, aqueles que acontecem o tempo todo e preenchem nosso dia. É preciso estar em sintonia com sua mulher ou marido para sentir prazer nisso. E não somos um grude, não. Temos nossas rotinas particulares, coisas que cada um gosta de fazer enquanto o outro se ocupa com suas tarefas. Afastamento ou aproximação demais não são saudáveis porque não são normais. Denotam desinteresse ou dependência, respectivamente. Somos indivíduos que compartilham coisas boas na vida e vão encarar unidos as dificuldades que surgirem. É o jeito mais simples de dizer mas acredito ser o mais verdadeiro também.

Ainda não completamos nosso primeiro aniversário mas sentimos que temos muito o que construir ainda. Temos uma vida toda pela frente e muito o que conquistar, realizar muitos sonhos e curtir o futuro conforme ele se transformar em presente. Momentos simples e gostosos como aprender a apreciar a comida japonesa, que hoje eu adoro (recomendo o Saikô, para os portoalegrenses), voltar a curtir férias na praia, que já não me animavam há muito tempo, até mesmo poder viajar a serviço, coisa que eu abominava porque vivia enclausurado no meu mundinho particular no meu finado casamento e cuja rotina eu não gostava de quebrar. Enfim, são tantos os momentos, tantos os motivos que me trouxeram até aqui que não há a menor chance de eu conseguir descrevê-los adequadamente. Só quem se sente feliz e completo na vida conjugal sabe do que eu estou falando. E para esses eu nem precisaria falar.

Então, minha amada Daniela, vou encerrar por aqui. Já disse muito a nosso respeito mas me parece que não falei nada diante de tudo que sinto. Por outro lado, me arrisco a aborrecer nossos 5 leitores, de forma que vou encerrando por aqui enquanto conto os poucos dias que nos separam até que eu esteja, finalmente, de volta ao nosso lar, doce lar, na sua deliciosa companhia, pela qual anseio terrivelmente.

Feliz quase aniversário, meu amor!

Celo.

Um comentário:

  1. Meu amor, como sempre tuas palavras me tocam profundamente e me emocionei durante a leitura. Você traduz muito bem o que nos aconteceu!
    E eu também tenho certeza de que encontrei o amor da minha vida! Também já fui casada - duas vezes (uma com direito a igreja e tudo o mais) - e nunca, jamais, me senti tão feliz e tão completa como me sinto com você.
    O nosso casamento é verdadeiro, assim como o nosso amor, construído em bases sólidas e sinceras. E tudo que aconteceu antes de você, me parece hoje tão pequeno, ainda que eu também conserve respeito e carinho por essas experiências, afinal tudo o que vivi me trouxe até você. E é ao seu lado o meu lugar. Me sinto no lugar certo, na hora certa, acompanhada do homem certo!
    Concordo com você que são os pequenos momentos que enfeitam a vida. Tantos os nossos pequenos, quanto os nossos grandes momentos são deliciosos! E, mesmo quando divergimos, é perceptível o amor.
    Nossa história foi mesmo muito rápida, mas tínhamos certeza do que fazíamos a cada passo. Temos muito ainda para viver, um belo futuro nos espera. E sei que vamos enfrentar juntos as adversidades e celebrar as conquistas, sempre com o mesmo amor.
    Há menos de um ano estamos juntos, como um casal, mas você sabe que eu acredito que estamos juntos há séculos!
    Te amo! Nem seria possível dizer o quanto pela inexistência de palavras precisas.
    Feliz quase aniversário, amore mio!
    Beijos!!!

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